
Talvez, eu sem saber, direis: que nada
Perdeste no que não tinhas! Por quê?
— Para viver o confuso, não se vê
Todos os dias; quais se foram alvorada...
Portanto, então, o que nos faz crescer
Ao deserto onde vivemos? — Ofuscada,
Cintila a nossa indiferença, sem saber
Em qual era a vida nos será eternizada.
Faleis que tudo: “Mistérios convulsos!
Por o sol aparecer, e se pôr perdido;
Quês, o amor, nos vêm aos impulsos...”
Entretanto, sê quer dizer magistérios!
Pois, o que há de se perder ferido
Se no que vivamos há-de ser mistérios?
(Poeta Dolandmay)
Espera-me, ó meu Amor, que vou voltar!
Não vês como anda apagada esta paixão?
Tão cansado já está, o meu coração...
Vou ao além de mim p’ra te encontrar!
Espera-me, ó meu Amor, que vou buscar
A chama deste amor, que não foi em vão!
Mas que nos teus braços foi furação,
A estranha forma d’eu querer te amar!...
Não se tem como apagar uma velha chama,
Pode se abrandar quando é um que ama,
Mas nada pode extinguir o teu esplendor!...
Os teus sentimentos são finos e delicados,
São de afetos divinos, não de pecados...
Aos céus eu irei buscar o teu mesmo Amor!
(Poeta Dolandmay)